sábado, 27 de novembro de 2010

Projecto inovador gera entusiasmo em professores e aluno


O Media Lab, projecto dinâmico e multiplataformas, pretende ensinar coisas sérias de uma forma divertida. Com o colete do DN (jornal Diário de Notícias) vestido e de caneta na mão, o entusiasmo é geral quando chega a hora de os alunos se tornarem em jornalistas por um dia. Um projecto que levou seis meses a concretizar, com tecnologia de ponta, e que é inovador em Portugal.
Ser repórter por um dia. A ideia lançada agrada, de imediato, aos alunos que entram na galeria do DN, no piso 0 do edifício na Avenida da Liberdade, onde está instalado o Media Lab. Assim que vestem os coletes do Diário de Notícias e se preparam para entrar em missão, o entusiasmo aumenta.
Durante as duas horas seguintes, cada turma não só fica a conhecer a história do edifício do DN, assim como a do próprio jornal, mas também aprende o ABC do jornalismo, as suas principais bases, regras e suas implicações junto da sociedade. O novo centro educativo do DN pretende isso mesmo: pôr cada estudante entre os dez e os 18 anos na pele de um jornalista, dando-lhe a possibilidade de criar uma primeira página de um jornal.
O Media Lab, que já está em funcionamento desde o dia 15, em sessões-piloto, tem recebido várias escolas do País. Este é um projecto recente, mas o sucesso já se faz sentir: a procura por parte das escolas nacionais tem sido tanta que já só se aceitam reservas a partir de Fevereiro. Num ano são esperados mais de 30 mil alunos no Media Lab do DN, cerca de 2600 por mês e 120 por dia, 60 de manhã e 60 à tarde.
O director de Marketing do Diário de Notícias explica a necessidade de criar um projecto inovador e ambicioso como este. "Os jovens de hoje têm ao seu dispor muitas e variadas ferramentas tecnológicas de acesso a informação, quer nas escolas quer em casa. Mas, de uma forma geral, desconhecem os processos, os preceitos e os meios subjacentes à criação de conteúdos informativos. Por outro lado, muitos dos jovens de hoje desconhecem a verdadeira dimensão e impacto social, político, económico e até cultural que um jornal como o DN teve ao longo dos seus quase 150 anos de existência", frisa Alexandre Nilo Fonseca.
Dotar os estudantes do País de um olhar mais crítico é um dos desafios. "Um projecto é sempre emotivo e agradável, porque nós gostamos muito de projectos educativos, que deixam os miúdos a pensar. É o nosso ADN, fazer com que os alunos venham aqui aprender. Hoje em dia, os alunos não têm noção do que é o jornalismo, porque são bombardeados com tanta informação. Não conseguem fazer essa triagem. O Media Lab fá-los pensar. É gratificante e inspirador fazer este tipo de trabalho com os mais novos", explica Matilde Ataide, da Brand Meaning, a empresa que desenvolveu o projecto em parceria com o DN.
Um projecto como este exigiu um forte investimento em tecnologia de ponta. Computadores portáteis com webcam, projectores touch screen e o software que permitem aos alunos pôr em prática o que aprenderam, são apenas alguns exemplos.
O Media Lab é um projecto dinâmico, com várias etapas. Mas vamos por partes. As turmas chegam à galeria do DN e são credenciadas com um colete do jornal. De seguida, ficam a saber mais sobre os painéis de Almada Negreiros patentes na galeria do edifício do DN e recebem um pequeno briefing sobre a história do prédio do jornal.
Depois, segue-se o visionamento de um filme do renovado auditório multimedia do DN. Com imagens históricas de arquivo, alunos e professores são levados no tempo, numa viagem que aborda a história do DN e dos principais acontecimentos históricos que a ele ficarão associados. Por fim, os alunos agrupam-se em pares e constroem uma primeira página de jornal de raiz: escolhem títulos, imagens, leads, corpos de notícia e dispõem-nos na capa da forma que querem.
"As escolas podem esperar duas horas de informação, divertidas mas didácticas, ou seja, ludopedagógicas. Eles vêm aprender coisas sérias de uma maneira simpática e engraçada. Diferente, até. É mais divertido do que estar na sala de aula a aprender o que é uma manchete, uma notícia. Aqui fazem in loco o que dão em teoria, nas aulas. Mesmo que se trate de alunos que não sejam de jornalismo, é sempre bom ter um espírito crítico de tudo o que nos rodeia. Têm de saber distinguir a notícia e o que é mais ou menos importante", diz Matilde Ataide.
Elsa Caetano, professora da EB 2/3 D Pedro IV, de Massamá, uma das escolas que visitaram o Media Lab esta semana, afina pelo mesmo diapasão. "Este projecto entusiasmou-me logo. É extremamente importante esta ligação. Calhou mesmo bem, porque estou a trabalhar com a minha turma o texto de imprensa. Todos os conteúdos do Media Lab, aquilo que vimos e toda a organização do projecto, estou a gostar imenso. É muito válido e é algo que traz os miúdos para a realidade. É uma iniciativa óptima", afirma a docente.
Cláudia Vau é uma das formadoras do Media Lab e ensina a base do jornalismo aos mais novos. "É muito importante que os jovens comecem a perceber que as notícias não são fabricadas. São baseadas nos factos da actualidade", explica. A formadora salienta o entusiasmo com que as escolas visitam o novo espaço do DN. "Os alunos não são muito desordeiros. Vêm muito entusiasmados com a ideia de fazer uma primeira página, é uma coisa importante. Levam a iniciativa muito a sério", frisa.
Duas semanas após as primeiras sessões-piloto, Matilde Ataide confessa que o mais difícil em dar vida ao projecto reside na tecnologia. "A parte de software é sempre a mais difícil. Mas, felizmente, tem corrido tudo bem e estamos bem preparados para o lançamento".
Com o sucesso do Media Lab, é possível que o projecto transforme mais estudantes em futuros jornalistas, é a expectativa dos responsáveis do projecto.