quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O telemóvel também serve para combater a discriminação

"Se o meu telemóvel voasse" foi o título escolhido para o concurso que o Centro de Estudos, Documentação e Informação sobre a Criança do Instituto de Apoio à Criança está a promover junto das escolas do 1.º ciclo ao secundário de todo o país. O escritor José Fanha teve a ideia e o Instituto de Apoio à Criança (IAC) quer mostrar que o telemóvel não é um instrumento proibido dentro dos portões da escola, quando usado convenientemente e de maneira construtiva. Neste concurso, o telemóvel tem livre trânsito, ou seja, é a ferramenta a utilizar para tirar fotografias e fazer filmes que ilustrem o tema "Direito à diferença - Eu mais tu". Os trabalhos têm de estar prontos até 31 de maio.

O combate à discriminação é um ponto expresso na Convenção sobre os Direitos da Criança e tudo começa por esse artigo. O IAC pretende que os alunos de várias idades usem o telemóvel, esse instrumento multifacetado que faz parte do quotidiano juvenil, para ligarem a imagem à palavra, desenvolverem formas de expressão contemporânea e, acima de tudo, exprimirem valores relativos à multiculturalidade e ao direito à diferença. Para isso, os participantes têm de aprender a construir um guião para contar uma história.

O concurso está aberto a alunos de todas as escolas públicas e privadas, do 1.º ciclo ao secundário. Cada nível de ensino corresponde a uma categoria a ser premiada. No 1.º e 2.º ciclos, os alunos podem criar grupos com três a cinco elementos, no 3.º ciclo e secundário com dois a cinco. Cada projeto deve ser acompanhado por um professor ou encarregado de educação. A criatividade, a originalidade, a qualidade do guião, a capacidade de interligação entre imagem e palavra e o empenho dos alunos são os principais critérios de avaliação - itens a que o júri terá a máxima atenção. Essa avaliação estará nas mãos de uma equipa constituída pelo autor do projeto, representantes do IAC, do Ministério da Educação e das empresas patrocinadoras, mais um professor de Educação Visual e outro de Língua Portuguesa.

Os participantes do 1.º, 2.º e 3.º ciclos têm de contar uma história através de seis fotografias tiradas com o telemóvel, unidas por um texto narrativo ou poético complementar. O texto deve funcionar como um complemento às imagens e não como uma mera legenda. Os alunos do secundário são desafiados a construir um percurso visual através de um pequeno filme acompanhado por palavras que "o iluminem e tornem o seu sentido mais vasto e diverso, a partir de um guião". O IAC pretende que os estudantes consigam "mostrar a contradição e complementaridade dos contrários e do seu jogo visual, físico e simbólico".

A organização fornece pistas para os trabalhos. Motivos de inspiração. O 1.º ciclo pode juntar coisas diferentes para ver o que resulta daí porque tudo é possível nas palavras, nas fotografias, nos desenhos. Os mais pequenos podem, por exemplo, casar uma piriquita com um leopardo, juntar um pepino com uma cenoura, ou escutar as conversas do sapato do pé esquerdo com o sapato do pé direito debaixo da cama. O mote "O rio que corre na minha aldeia, o rio que corre na tua aldeia", inspirado num poema de Fernando Pessoa, pode servir de arranque para os alunos do 2.º e 3.º ciclos. Os rios das duas aldeias são importantes juntos, desaguam no mar que banha tantos países.

Os contrários e a sua complementaridade. O preto e o branco, o eu mais o tu, sem preconceitos. No secundário, os estudantes podem justapor diferenças, juntar opostos. "Eu mais tu de braço dado, eu mais tu de mão dada, eu mais tu juntando pedrinhas, músicas, sonhos, desejos e olhares diferentes, eu mais tu podemos fazer uma camisola de palavras mais feliz para aquecer o nosso mundo." É só pensar e trabalhar.

Cada projeto vencedor em cada escalão ganha 250 euros em cheque-prenda que serão distribuídos equitativamente por cada elemento da equipa. A escola do grupo vencedor também é presenteada com um prémio em livros. Os resultados serão divulgados no site do IAC até 30 de junho e os prémios entregues entre 1 e 10 de julho.

Informações:
http://www.iacrianca.pt/
Fonte: Educare