quinta-feira, 17 de maio de 2012

Ideias para fazer da leitura um prazer

Com a primavera, as feiras do livro começam a espalhar-se um pouco por todo o país. Assim me ocorreu escrever sobre a leitura.

Recordo, com saudade, os tempos em que eu e a minha irmã, em plena adolescência, fazíamos campeonatos de leitura, vendo quem conseguia terminar primeiro um livro ou ler mais livros num certo período de tempo. Deste prazer não desfruta a maioria dos jovens de hoje. É certo que muitas são as solicitações que se lhes oferecem. Mas bem vistas as coisas, essas podem não colidir com o prazer que os livros dão.

As fontes de informação hoje são diversas. Não obstante a Internet nos fornecer uma enorme quantidade de dados em tempo-relâmpago, a pesquisa nos livros não pode ser dispensada para se estudar, seja em que nível de ensino for.

Mas se ler é importante para um estudante, é-o também para qualquer outra pessoa. Não me refiro só à exclusão que cada vez é maior para quem não domina a leitura. Refiro-me também à leitura como fonte de prazer, alimento para a nossa imaginação, forma de relaxamento.

É certo que se lê melhor quando se gosta de ler. Se se gosta de o fazer, certamente irá haver mais tempo de leitura e mais prática, os quais levarão a que ela se torne mais rápida e mais agradável e, talvez até, um hábito. São, no entanto, muitos os pais que se queixam de que os filhos não leem ou não gostam de ler. Vou hoje dar algumas sugestões para ajudarem os vossos filhos a ler melhor e a gostar de o fazer.

Começo por vos contar uma pequena história do meu repertório familiar, daquelas que se contam nas reuniões de família, para que todos se divirtam. É que, sempre que nasce uma criança na família ou no círculo dos amigos, faço questão de oferecer um livro. Esta prática vêm-me dos tempos em que verifiquei que o brinquedo preferido do meu filho mais velho, quando bebé, era um livro de plástico, com que ele brincava no banho. Hoje já os há dos mais diversos materiais e com funções diversas. Eles permitem que os bebés, ou as crianças um pouquinho mais velhas, iniciem uma leitura à sua medida. Não estão a ler as letras, é certo, mas estão a ler o livro à sua maneira. A imaginação trabalha e os pais podem depois contar a história das ditas "letras".

Outra prática familiar que sempre desenvolvi, com muito carinho, foi a leitura de uma história antes de os meus filhos irem para a cama. Lembro-me de os ver, um com 4 anos e o outro com 8, orgulhosos por eu os ter deixado ficar acordados até mais tarde nas férias, cada um a ler o seu livro na sua cama. Perguntar-me-ão: "Como é que o de 4 anos lia?". Respondo: "Não sei. Com certeza criava histórias a partir dos desenhos". A verdade é que, anos depois, mantêm o gosto pela leitura.

Outras sugestões aqui ficam:

- Se tem um filho no 2.º ou no 3.º ciclo e outros mais novos, peça ao primeiro que leia histórias aos mais novos. Assim poderá praticar a leitura e fazer nascer, nos mais pequenos, o gosto por ela.

- Crie, nos seus filhos, o hábito de levarem um livro ao gosto deles, quando vão para um sítio onde precisam de esperar (por ex. para um consultório médico). Enquanto eles são pequenos, será o pai ou a mãe a ler a história.

- Quando forem mais crescidos, fá-lo-ão autonomamente. Diz-me a minha experiência pessoal que é uma estratégia ótima para eles serem mais pacientes na espera.

- Ajude-os a escolherem livros sobre assuntos que lhes despertem a curiosidade ou com histórias em que se baseiam filmes de que eles gostam.

- Faça contratos com os seus filhos: se eles lerem um livro num tempo a combinar, receberão um pequeno prémio de valor simbólico.

E já agora, se houver uma Feira da Livro nas suas redondezas, não deixe de a ir visitar com os seus filhos e de os deixar escolherem alguns livros.
Armanda Zenhas

Fonte: Educare